COLÓQUIO INTERNACIONAL
Um golpe de vara bem forte nos dedos, como refere Pinel no século XVIII a propósito da advertência feita aos loucos que não tinham um comportamento submisso e dócil, quando a animalidade se queria domesticada. Entre o asilo e a fábrica, a vida privada e o espaço público, o quotidiano, são os corpos e lugares que continuamos a querer disciplinar e seriar. A partir dos três eixos teóricos que enquadram o projecto expositivo, propomo-nos debater:
[A] Que resistências do imaginário a arte pode, ainda, construir? Como permanecer afastado da ordem da cidade, da lei? Como abrir a porta para uma espécie de desatenção (esse de fora, esse hors) para nela construir outros modos de existir? Como organizamos, actualmente, o múltiplo? A que instrumentos recorremos para o dominar?
[B] Qual o lugar do trabalho na contemporaneidade e do corpo na sua radical improdutividade, no sentido que este adquire em Deleuze e Guattari? Como entender o corpo como resistência inegociável e força indisponível? Que quadro económico vale, hoje, como princípio de enriquecimento e imposição de uma ordem? A que sínteses morais recorremos? Quanto vale o tempo pago?
Organização: Eduarda Neves