CEAA - Centro de Estudos Arnaldo Araújo

Remanescentes Industriais

Projeto EXTREME SITES

Remanescentes Industriais [WP1]

IR: Inês Moreira

Partindo da arquitectura, da paisagem e do território, tendemos a pensar na pós-industrialidade como evidência material e vestígio do passado industrial, em suas ruínas e antigas infraestruturas. Para o património industrial e a arqueologia industrial, o cuidado com a fábrica, maquinaria e marcas originais encapsula-os referindo-se à sua abertura fundacional, a condição presente tende a ser percebida como uma distorção, ou um fracasso do passado heróico. Olhando desde as culturas visuais e urbanas, a pós-industrialidade faz parte do imaginário coletivo do final do século XX motivando apropriação e intervenção, desde exploradores urbanos aos graffitis e outras práticas espaciais que revelam o interior dos gigantes abandonados. O cinema teve um papel relevante na definição da sua estética apocalíptica, tanto nos filmes soviéticos, como nos americanos e nos filmes independentes. 

Consideremos uma cronologia ampla as marcas deixadas pelas indústrias de extração e de manufatura nas suas diferentes etapas, desde a inicial instalação de infraestruturas, ao processo de esvaziamento e desindustrialização e, nalguns casos, a sua posterior (e atual) condição pós-industrial. Se a implantação de zonas industriais provoca mudanças e gera impactos sociais, paisagísticos e ambientais sistémicos, também os longos anos de desmantelamento e abandono que se sucedem geram uma realidade que não pode ser desconsiderada. Seja por deslocalização, crise ou transição económica, os locais são tomados pela degradação e indefinição de futuro para as comunidades locais, os assentamentos urbanos e as condições naturais, inevitavelmente alteradas. 

À medida que a sociedade caminha em direção a um modelo pós-industrial, onde a economia de serviços, a cultura e o conhecimento desempenham um papel central, surgem desafios relacionados à reutilização e gestão dos legados e heranças, nalguns casos patrimoniais, remanescentes. Lugares que outrora evocaram o poder produtivo da atividade industrial, hoje retratam a complexidade da degradação ambiental sentida local e globalmente, sendo por isso objecto de ativismos bem como de especulação imobiliária enquanto se defendem de enquadramentos rígidos e de classificações sobre o passado. 

No projecto Extreme Sites o workpackage 1 reúne diversos casos de estudo, do Báltico ao norte de Portugal, que despertam o interesse de investigadores, curadores e artistas que desenvolvem as suas investigações no contexto académico, no âmbito dos projetos de graduação, mestrado e doutoramento, bem como em residências ou em exposições públicas. Relacionados por leituras críticas da visão romântica e canónica da história da indústria, da ruína e da imagem, os casos de estudo apontam outras possibilidades e experimentam abordagens alternativas ao passado.

Investigadores

Inês Moreira

Joana Rafael

Miguel Costa 

 

Colaboradores

Beatriz Duarte 

Flora Paim 

Inês Azevedo

Joana Mateus

Pedro Silva 

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